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Daniela Silva mostrando o trabalho do Transparência Hacker. (Foto: Roberta Aragão) |
Último dia de Muvuca. Última
palestra do evento. E, claro, nós não podíamos encerrar em melhor estilo. Depois de pôr fim de uma vez por
todas à rivalidade entre os apresentadores Petterson Farias e Rômulo Baía,
Natália Costa chamou ao palco o toque feminino que a nossa cumbuca precisava: a
Mulher Transparência, Daniela Silva.
Durante quase duas horas, Daniela
contou um pouco de como surgiu e como funciona o Transparência Hacker,
uma comunidade que utiliza dados governamentais para construir projetos de
interesse público na internet. “Transparência pública é entender o que acontece
no governo. Temos muita dificuldade em conseguir dados que constitucionalmente
deveriam ser disponibilizados a todos. Foi por isso que o Transparência surgiu,
para tentar mudar isso”, diz ela.![]() |
Todos atentos a palestra da Mulher Transparência. (Foto: Tammy Caldas) |
Criada em 2009, a ideia da
comunidade surgiu logo após o lançamento do Blog do Planalto, no então governo
Lula, sem a opção de comentários. Então Daniela e um amigo hackearam o blog do
governo e criaram outro idêntico, mas com a possibilidade de comentários dos
leitores. “O assunto correu pelas redes sociais e em algumas mídias tradicionais,
até que a comunidade cresceu e hoje conta com aproximadamente 820 pessoas, de diversos
lugares do Brasil, que não apenas conversam sobre o que dá pra fazer com
política na internet, mas que trabalham em projetos comuns”, conta Daniela. A
comunidade não possui regras e qualquer pode participar.
Durante a palestra, Daniela mostrou
alguns projetos colocados em prática por pessoas que compõem a Transparência
Hacker, como o Jogo da Vida dos Processos Legislativos. “É
uma forma divertida de ver todos os estágios por quais uma lei passa para ser
aprovada, fazendo com que as pessoas entendam de maneira fácil esses processos
legislativos”, explica Daniela. “Nós damos um empurrãozinho para que as pessoas
se informem”.
A comunidade teve grande alcance
na internet, conseguindo até financiamento para comprar um ônibus. “A gente
divulgou o projeto de querer comprar um ônibus, pra que pudéssemos levar nossos
projetos e oficinas para além da internet. Usamos o Catarse, uma espécie de
financiamento coletivo, onde qualquer pessoa pode ajudar. Nós conseguimos mais
do que precisávamos e compramos o ônibus. Ele é nosso xodó e, sempre que
possível, viajamos com ele”, relata.
Mas além desses projetos, o
Transparência também já conseguiu modificar uma lei, a de transparência
pública. Daniela conta: “É um dos meus maiores orgulhos termos conseguido
modificar essa lei. Nós tivemos a oportunidade de acrescentar alguns pontos
para facilitar o acesso a dados pelos internautas”.
Daniela também contou como a sua
visão sobre política mudou depois de entrar na comunidade. “Quando eu pensava
em política, pensava em algo cheio de regras, duro, que ninguém podia
participar. Mas quando eu entrei na Transparência Hacker, percebi era o
contrário”, conta.
Além de ouvir os relatos de Daniela,
os muvuqueiros também interagiram levantando questões sobre diversos assuntos,
como a inclusão digital. Para Daniela, as pessoas têm que se apropriar da
tecnologia. “Levar inclusão digital é uma ideia errada. Eu aprendi usando o
computador, sem ninguém me ensinar. É impressionante o quanto você consegue
aprender apenas lidando com a tecnologia, sozinha”.
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Daniela respondendo a perguntas dos muvuqueiros. (Foto: Tammy Caldas) |
Quando questionada sobre as dificuldades
em implementar projetos e as barreiras que o TH enfrenta, Daniela confessa: “Eu
achava que íamos encontrar mais portas fechadas do que realmente aconteceu
durante o processo. Achava que ouviríamos apenas não. Mas hoje o diálogo é mais
acessível. A gente pensa que o governo é apenas um bloco igual, mas ele é
heterogêneo. É claro que as barreiras existem, sim, mas bem menos do que eu
imaginava”.
Daniela também respondeu perguntas
sobre marketing político e Belo Monte. “Eu acho que o problema de Belo Monte é transparência.
Tudo o que se sabe sobre o tema é apenas uma versão da história”, afirma
Daniela, que acredita que apenas com maior acesso a informações sobre o tema
será possível encontrar uma solução para o problema.
Quer maneira melhor de encerrar a
Muvuca 2012 que um bate-papo produtivo com Daniela Silva? Claro que não. A
(Des)Organização realmente espera que todos os muvuqueiros presentes (física e
virtualmente) tenham gostado da Muvuca 2012 e se empolgado. Afinal, como disse Petterson ao final de tudo: "Fica, vai ter Muvuca 2013"!
Texto: Renan Mendes
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