quinta-feira, 9 de maio de 2013

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O que são tendências? Clotilde Perez explica!

Pesquisadora, com dois pós-doutorados e livre docente em Ciências da Comunicação. Sentada bem na primeira fileira do auditório do ICJ, Clotilde Perez se mostrava bastante discreta. Concentrada em seu celular, a professora esperava o momento de começar a palestra “Tendências de Comportamento e Consumo”. Muvuqueiros de diversos cursos e diversas faculdades, também aguardavam ansiosos. Depois do vídeo de apresentação e da animação (seja em forma de k-pop, sertanejo ou funk) dos apresentadores Natália Costa, Rômulo Baía e Mariana Almeida, chegou a hora da palestra. Hora também em que a pesquisadora abriu a Muvuca na Cumbuca 2013 explicando para nós tudo sobre “Tendências”.

Natália Costa e Rômulo Baía voltaram a abrir a Muvuca 2013, ao lado da estreante Mariana Almeida



O MUNDO EM QUE VIVEMOS
“O ritmo, o escopo e a natureza são as características do nosso mundo”, falou Clotilde, dando todo o contexto de qual mundo vivemos para então poder falar de tendências. Segundo ela, vivemos o fim das grandes narrativas, como é o caso das tradições e a ideia de “lugar” mudou completamente, pois não se trata mais de algo físico. “Vivemos o momento de desterritorialização”, disse a pesquisadora, dando o exemplo até de algumas propagandas, que mostram os modelos em fundos brancos, dando a ideia de que tudo pode ser em qualquer lugar.

Buscando em teorias de autores como Bauman e Lipovestsky, Clotilde Perez mostrou que o ser humano não quer mais seguir regras, quer criar suas próprias regras, escolhendo seus aspectos de identidade. Para a professora, nossos conceitos estão sendo distorcidos ou tensionados. O ser humano agora tem múltiplas personalidades. O exemplo usado foi o do filme Shrek, onde o herói reúne todas as características do anti-herói.

ONDE O MARKETING, A PUBLICIDADE E O CONSUMO SE ENCAIXAM

Clotilde Perez falando sobre Tendências
Os produtos de comunicação refletem a sociedade em que vivemos hoje, como contou Clotilde na palestra. Para ela, uma pirâmide de desejos não faz mais sentido, pois as pessoas querem tudo, ao mesmo tempo. “Nós morremos, somos falíveis e, por isso, somos incompletos. Então buscamos a completude”, disse a professora. Essa completude seria procurada em ideologias, pessoas, carreira e nos bens de consumo e a publicidade tem papel fundamental no despertar desses desejos, mostrou ela.

Entretanto, a palestra mostrou que muitos fatores interferem na certeza do que um consumidor deseja. “Identidades plurais, trânsito permanente, cultura digital, redes sociais e fluidez” foram apenas alguns dos exemplos citados por Clotilde. De acordo ela, isso ocasiona a era da “Hiperpublicidade”, um conceito mais abrangente do que estamos fazendo hoje em publicidade. Nele, “a marca deve refletir as pessoas”, disse a pesquisadora.

O consumo, segundo Clotilde, “não é apenas a compra, é um processo de busca”, onde o consumidor desenvolve sistemas de significado. Ela cita Canclíni quando o mesmo passa a ideia de que consumo é cidadania. “É por meio dele que escolhemos e aprendemos quem somos”, afirma.

A SOLUÇÃO É SE LIGAR NAS TENDÊNCIAS
Um dos caminhos possíveis apontado por Clotilde para se adaptar a essa época de um mundo fluido e um consumidor mais fluido ainda é entender as tendências. “Tendências são valores sociais, com eles, identificamos os valores da sociedade”, diz a pesquisadora.

Ela mostrou que, por gerações, tentamos entender o futuro como se ele fosse algo já definido. “Agora não é mais. Nós construímos o nosso futuro, pois como ele é incerto, foi substituído pelo presente”, afirma. É nesse presente que precisamos entender as tendências, pois elas são construídas no aqui e agora. De acordo com a professora, tendências geram manifestações sociais que mudam muito rápido e que estão diretamente ligadas ao contexto em que vivemos, no caso, um mundo abalado por conflitos e também por avanços, o que faz parte da construção da nossa identidade.

Auditório do ICJ lotado de muvuqueiros

Como contou Clotilde, tendências estão inter-relacionadas. “Uma manifestação faz parte de várias tendências”, diferencia e cita como exemplo, o “My Way”, uma manifestação causada pela tendência de “fazer do meu jeito”. A origem dessa manifestação veio da reação do indivíduo à massificação, dando espaço para a criatividade, compartilhamento e autoria.

E foi assim, mostrando que tendências estão sempre em movimento e nos dando a dica de como e porquê acompanhá-las, já que fazem parte de nossa vida, que Clotilde encerrou a sua palestra e o primeiro dia da Muvuca na Cumbuca 2013, levando para a casa um kit especial preparado pela (Des)organização e deixando a cabeça dos muvuqueiros fervilhando de ideias.

Só o primeiro dia. Neste dia 9, a palestra será com Érico Assis do site Omelete. Perder não é uma opção. É a partir das 19h, no ICJ.

Fotos: Antônio Macêdo / Texto: Felipe Jailson


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