Muvuqueiro que é bom muvuqueiro
está sempre ligado em tudo o que acontece no ambiente que o cerca. Óbvio que
cada um tem aquele assunto preferido, que desperta mais interesse que outros na
hora de buscar notícias. Mas, considerando aquela escapadinha pra folhear os
jornais, escutar o rádio e assistir televisão para saber o que anda rolando,
responda rápido: quantas matérias jornalísticas sobre meio ambiente você viu essa
semana? Você está informado sobre os fenômenos climáticos que afetam o nosso
dia-a-dia?
A mídia abriu os olhos para os
problemas ambientais após a ECO-92, evento em que nações buscaram medidas que
pudessem manter o mundo habitável para as futuras gerações. Mas essa temática
ainda é pouco explorada. Muitas vezes encontramos jornalistas despreparados
para lidar com a discussão, recaindo em clichês sobre extinção de animais,
desastres ambientais ou desmatamento da Amazônia, tudo tratado de uma maneira
muito superficial.
Ou, quando tratados de forma mais
aprofundada, os fenômenos ambientais são apresentados com termos técnicos e
linguagem científica a qual os leitores não têm acesso normalmente. O conteúdo
se torna desinteressante. Então quais as possíveis soluções para nos aproximar
dessa realidade tão presente no cotidiano, mas que os jornais fazem parecer tão
distante?
Antes de pensarmos nas
transformações que devem acontecer nos veículos de comunicação ou nos jornalistas,
primeiro devemos pensar na educação ambiental ensinada nas escolas, onde se
ignora a relação do meio ambiente com a economia, com a história, com a
geografia, com o próprio homem. Temas que na verdade são interdependentes
aparecem isolados, assim como na maioria das matérias jornalísticas.
Na universidade, a temática
ambiental também não escapa ao risco de cair no esquecimento ou em clichês,
reproduzidos a partir do que vemos na mídia. Nos cursos de Comunicação, faltam
disciplinas voltadas ao jornalismo ambiental e ao jornalismo científico, preparando
assim profissionais sem o mínimo conhecimento para desenvolver matérias sobre
essas áreas. Há muitas reclamações do famoso “jornalista papagaio”, que acaba reproduzindo
informações que nem ele mesmo entendeu. E o leitor é o mais prejudicado.
Nos grandes veículos de
comunicação, além de editorias, seções e profissionais especializados para o
meio ambiente, ajudaria se houvesse menos reprodução e mais produção de
conteúdo, voltado à nossa realidade, não à realidade do Ártico, dos ursos
polares e pinguins imperiais (nada contra as coisas fofas das terras geladas).
Também é difícil conviver com o mau uso da palavra “sustentabilidade”,
enquanto veículos de comunicação utilizam-se dela para promover produtos de empresas com as quais têm alguma parceria econômica ou camaradagem .
Por fim, uma das mudanças
cruciais seria em nós mesmos, futuros profissionais de comunicação. Temos de
estar sempre conscientes da nossa importância como formadores de opinião. Se
não somos claros e não conseguimos levar a temática ambiental para as pessoas de
forma responsável, então este tema certamente continuará
a ser ignorado em toda sua complexidade.
Texto: Karina Menezes
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