sábado, 5 de maio de 2012

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Daniela Silva encerra Muvuca 2012 falando sobre transparência pública


Daniela Silva mostrando o trabalho do Transparência Hacker. (Foto: Roberta Aragão)
Último dia de Muvuca. Última palestra do evento. E, claro, nós não podíamos encerrar em melhor estilo. Depois de pôr fim de uma vez por todas à rivalidade entre os apresentadores Petterson Farias e Rômulo Baía, Natália Costa chamou ao palco o toque feminino que a nossa cumbuca precisava: a Mulher Transparência, Daniela Silva.

Durante quase duas horas, Daniela contou um pouco de como surgiu e como funciona o Transparência Hacker, uma comunidade que utiliza dados governamentais para construir projetos de interesse público na internet. “Transparência pública é entender o que acontece no governo. Temos muita dificuldade em conseguir dados que constitucionalmente deveriam ser disponibilizados a todos. Foi por isso que o Transparência surgiu, para tentar mudar isso”, diz ela.

Todos atentos a palestra da
Mulher Transparência. (Foto: Tammy Caldas)
Criada em 2009, a ideia da comunidade surgiu logo após o lançamento do Blog do Planalto, no então governo Lula, sem a opção de comentários. Então Daniela e um amigo hackearam o blog do governo e criaram outro idêntico, mas com a possibilidade de comentários dos leitores. “O assunto correu pelas redes sociais e em algumas mídias tradicionais, até que a comunidade cresceu e hoje conta com aproximadamente 820 pessoas, de diversos lugares do Brasil, que não apenas conversam sobre o que dá pra fazer com política na internet, mas que trabalham em projetos comuns”, conta Daniela. A comunidade não possui regras e qualquer pode participar.

Durante a palestra, Daniela mostrou alguns projetos colocados em prática por pessoas que compõem a Transparência Hacker, como o Jogo da Vida dos Processos Legislativos. “É uma forma divertida de ver todos os estágios por quais uma lei passa para ser aprovada, fazendo com que as pessoas entendam de maneira fácil esses processos legislativos”, explica Daniela. “Nós damos um empurrãozinho para que as pessoas se informem”.

A comunidade teve grande alcance na internet, conseguindo até financiamento para comprar um ônibus. “A gente divulgou o projeto de querer comprar um ônibus, pra que pudéssemos levar nossos projetos e oficinas para além da internet. Usamos o Catarse, uma espécie de financiamento coletivo, onde qualquer pessoa pode ajudar. Nós conseguimos mais do que precisávamos e compramos o ônibus. Ele é nosso xodó e, sempre que possível, viajamos com ele”, relata.

Mas além desses projetos, o Transparência também já conseguiu modificar uma lei, a de transparência pública. Daniela conta: “É um dos meus maiores orgulhos termos conseguido modificar essa lei. Nós tivemos a oportunidade de acrescentar alguns pontos para facilitar o acesso a dados pelos internautas”.
Daniela também contou como a sua visão sobre política mudou depois de entrar na comunidade. “Quando eu pensava em política, pensava em algo cheio de regras, duro, que ninguém podia participar. Mas quando eu entrei na Transparência Hacker, percebi era o contrário”, conta.

Além de ouvir os relatos de Daniela, os muvuqueiros também interagiram levantando questões sobre diversos assuntos, como a inclusão digital. Para Daniela, as pessoas têm que se apropriar da tecnologia. “Levar inclusão digital é uma ideia errada. Eu aprendi usando o computador, sem ninguém me ensinar. É impressionante o quanto você consegue aprender apenas lidando com a tecnologia, sozinha”.

Daniela respondendo a perguntas
dos muvuqueiros. (Foto: Tammy Caldas)
Quando questionada sobre as dificuldades em implementar projetos e as barreiras que o TH enfrenta, Daniela confessa: “Eu achava que íamos encontrar mais portas fechadas do que realmente aconteceu durante o processo. Achava que ouviríamos apenas não. Mas hoje o diálogo é mais acessível. A gente pensa que o governo é apenas um bloco igual, mas ele é heterogêneo. É claro que as barreiras existem, sim, mas bem menos do que eu imaginava”.

Daniela também respondeu perguntas sobre marketing político e Belo Monte. “Eu acho que o problema de Belo Monte é transparência. Tudo o que se sabe sobre o tema é apenas uma versão da história”, afirma Daniela, que acredita que apenas com maior acesso a informações sobre o tema será possível encontrar uma solução para o problema.

Quer maneira melhor de encerrar a Muvuca 2012 que um bate-papo produtivo com Daniela Silva? Claro que não. A (Des)Organização realmente espera que todos os muvuqueiros presentes (física e virtualmente) tenham gostado da Muvuca 2012 e se empolgado. Afinal, como disse Petterson ao final de tudo: "Fica, vai ter Muvuca 2013"!

Texto: Renan Mendes


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